Tecnostress

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Tecnostress

A velocidade da tecnologia está a modificar o nosso relógio biológico. As pessoas pretendem fazer tudo à mesma velocidade do computador, querem que tudo se resolva num abrir e fechar de olhos. A tecnologia está a invadir os nossos limites em todos as áreas, constituindo um problema cada vez mais frequente na nossa sociedade tecno-dependente. As pessoas estão a programar-se para correr cada vez mais, o que implica viverem em constante estado de alerta. Como consequência disso surge a ansiedade. As pessoas estão cada vez mais impacientes, isso vê-se até mesmo já nas crianças.

O Tecnostress é o resultado da convivência cada vez maior das pessoas com a tecnologia. O psicólogo Craig Brod (1984) definiu o termo Technostress como um moderno distúrbio de adaptação, provocado pela falta de habilidade em lidar com tecnologias computacionais.

Segundo Hawkins (1995), o Tecnostress diz respeito à maneira como as pessoas se relacionam com a tecnologia. Ele resulta de uma combinação de elementos individuais, tais como resistência às inovações tecnológicas, sobrecarga de informação e falta de preparação, etc. Na maioria dos casos estudados, o problema surge quando a pessoa não consegue usar os equipamentos de forma equilibrada, isto é, quando a pessoa não sabe lidar com eles, não compreende como eles funcionam e, principalmente, quando a tecnologia falha, como por exemplo, quando o telemóvel fica sem rede ou a internet não tem sinal.

Qual seria a solução? Desativar a tecnologia da vida da pessoa, sabendo que a mesma está presente não apenas na computação mas em todas as áreas de vida? Telemóvel, telefone, automóvel, aparelhos eletrónicos, indústria, todos os meios de transporte,  etc…Haveria forma de mudar a tecnologia,  fazendo com que ela apenas sirva a humanidade sem ter problemas técnicos? Ou a melhor alternativa seria mesmo perceber o que é a tecnologia, para que serve, quais suas limitações, até onde podemos usá-la e qual a melhor forma de o fazer?

Uma vez que o comportamento humano consiste na reação humana face ao outro, se não podemos mudar esse outro, a solução racional é a solução adaptável, ou seja, devemos procurar entender todos os conceitos e limitações em relação ao outro (tecnologia) e a partir disso criar novas técnicas e métodos para que o comportamento do póprio se torne adaptável ao outro, que neste caso é a tecnologia. Por outras palavras, para que haja uma boa adaptação  entre Homem Vs. Tecnologia, o primeiro passo é conhecer os aspetos positivos da tecnologia, bem como as suas limitações, para que se minimize a frustação gerada pelos efeitos tecnológicos, a fim de reduzir o desgaste na relação entre ser humano e tecnologia.

A limitação tecnológica baseia-se essencialmente no fato de a tecnologia também falhar. Ao interiorizar esse princípio, a pessoa protege-se psiquicamente face à frustração. Por outro lado, é preciso ter em conta que a tecnologia foi criada para melhorar a vida da humanidade, e de fato podemos destacar diversos aspetos positivos. Assim sendo, é importante perceber que o outro (tecnologia) possui limitações no que diz respeito a falhas, mas também possui aspectos positivos. Há uma linha tênue que separa os benefícios proporcionados pela tecnologia do distúrbio de adaptação Tecnostress. No fundo, este tipo de stress afeta imenso as pessoas que não conseguem desligar-se. Ficam constantemente angustiadas à espera que o telemóvel toque, ansiosas para verificar a caixa de e-mail e perdem horas de sono para passar mais umas horas a navegar na Internet.

Para evitar ser mais um na lista de tecnostressados, o primeiro passo é identificar individualmente se apresenta algum tipo de comportamento de risco (dos referidos em cima). Posto isto, é necessário impor limites a si próprio, como por exemplo, estabelecer regras para a utilização do telemóvel, definir horas de utilização da internet.

No caso de não ser capaz por si próprio de impor a disciplina necessária deve procurar ajuda de um profissional da área de Psicologia Clínica, a fim de evitar a evolução para um quadro de dependência mais grave que interfira no normal funcionamento geral, e/ou o agravamento do quadro de ansiedade e stress.

Para finalizar, é certo que iremos continuar a sentir cada vez mais os efeitos do tecnostress, a não ser que sejamos bem sucedidos em estabelecer quais as fronteiras saudáveis. É fundamental parar e avaliar as nossas vidas, porque somos nós que estamos a causar este tipo de problemas, e não a tecnologia em si.

Aqui é de realçar o papel fundamental da Psicologia Clínica no acompanhamento e intervenção psicológica, no sentido de minimizar os sintomas de natureza ansiosa ou de outro tipo, através da identificação dos processos cognitivos associados à ativação dos mesmos e posterior treino de estratégias para lidar com o problema de forma ajustada, bem como estratégias de coping para lidar com os fatores desencadeadores.

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Psicologia Clínica

Dra. Patrícia Branco, Psicóloga Clínica